domingo, julho 13, 2025

Poesia ao domingo

 Ser Poeta



Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além-Dor!


É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!


É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...

É condensar o mundo num só grito!


E é amar-te,  assim, perdidamente...

É seres alma, e sangue, e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda a gente!


Florbela Espanca


Nasceu mulher num tempo e num espaço pequenos de mais para a conter

É uma mulher para além do seu tempo.


P. S. Podem aproveitar para ouvir Luís Represas e os Trovante na magnífica interpretação deste soneto.

quarta-feira, julho 09, 2025

Romaria


 

Penso que quem me comenta sabe que vivo em Fátima, terra de igrejas, capelas e capelinhas.

No 1º domingo de julho iniciam-se as festas de Nossa Senhora da Ortiga que duram três dias, culminando na terça feira.

Se a Senhora de Fátima é de culto internacional, a Senhora da Ortiga é de culto local. Para esta capela, localizada num monte, convergem todas as dores e alegrias dos fatimenses, durante todo o ano.

Na terça feira, depois da missa, as pessoas dirigem-se para locais previamente estabelecidos há décadas em redor da capela, onde estão instaladas as tendas familiares, ao abrigo das azinheiras.

E aí cumpre-se o ritual que vem de geração em geração, há comes e bebes para os familiares e para os amigos que aparecem.

Como não sou autóctone, não tenho tenda, mas não deixo de ser convidada a associar-me.

E foi o que aconteceu ontem e é muito bonita esta tradição onde a amizade supera os laços familiares.

Antigamente namorava-se à volta da capela, agora já não é preciso fazê-lo, namora-se em qualquer lado.

A terça feira da Ortiga é a grande festa desta comunidade!

É uma autentica romaria!

segunda-feira, julho 07, 2025

Citação

 " Afoguei as minhas mágoas, mas elas aprenderam a nadar. "


Frida Kahlo


Frida Kahlo foi uma pintora mexicana conhecida pelos seus muitos retratos , autorretratos e obras inspiradas na natureza e artefactos do México.

Nasceu a 6 de julho de 1907 e morreu a 13 de julho de 1954.

domingo, julho 06, 2025

Poesia ao domingo

 Os piqueniques da Catarina lembraram-me este, que faz jus ao "Déjeuner sur l´herbe" de Manet, porque bem mais colorido e a sensualidade menos explícita, se fosse transformado em pintura, pois dava uma aguarela.



De Tarde


Naquele "pic-nic" de burguesas

Houve uma coisa simplesmente bela, 

E que, sem ter história nem grandezas,

Em todo o caso dava uma aguarela.


Foi quando tu, descendo do burrico,

Foste colher sem imposturas tolas,

A um granzoal azul de grão de bico

Um ramalhete rubro de papoulas.


Pouco depois, em cima duns penhascos,

Nós acampámos, inda o sol se via,

E houve talhadas de melão, damascos

E pão de ló molhado em malvasia.


Mas todo púrpuro, a sair da renda

Dos teus dois seios como duas rolas,

Era o supremo encanto da merenda

O ramalhete rubro de papoulas.


 In Livro de Cesário Verde

sexta-feira, julho 04, 2025

quarta-feira, julho 02, 2025

Um pouco de humor


 Agora que as aulas acabaram, os miúdos que detestam a escola, podem finalmente divertir-se!
Tenho dezenas de recortes destas tiras, retiradas do Público, nos anos 90.
Devem clicar na imagem para lerem melhor, por favor!

terça-feira, julho 01, 2025

Verão

 " O sol é grande, caem co´a calma as aves"


Com o calor que está, lembrei-me deste primeiro verso de  um soneto de Sá de Miranda, porque vejo os pardalitos a esvoaçarem, num enorme desassossego, cheios de sede.

Vêm bebericar nos pratos dos vasos que conservam alguma água, depois da rega, por isso decidi encher um pote de água e colocá-lo bem à vista, para beberem à vontade.


Os restantes versos nada têm a ver com o calor, mas com as alterações na natureza e no próprio sujeito poético.

segunda-feira, junho 30, 2025

A minha rua

 Estive quase um ano sem viver na minha casa e encontrei algumas mudanças na rua.

Na vivenda, em frente, que é uma espécie de AL, a que eu chamo "albergue espanhol", desculpai uma pontinha de preconceito, mas realmente aparecem lá muitas e "desvairadas gentes", como diria Fernão Lopes, vive agora uma casal com um cão que ladra de noite e de dia. Provavelmente sente-se pouco confortável num quarto, apenas com uma varanda que ele não consegue saltar, se fosse gato sei bem onde ele iria pedir asilo.

Com este ladrar contínuo até o Kiss, o cão residente na vivenda logo a seguir, que ladrava alto e bom som a toda a gente que passava, apenas durante o dia,  fechou-se em copas e mal se ouve.

Deve pensar que, para incomodar, basta um!